Anca
Coxartrose (artrose da anca)
A coxartrose ou artrose da anca é o resultado do desgaste da cartilagem desta articulação. Localmente, ocorre desorganização da matriz de colagéneo e diminuição dos proteoglicanos, que têm um efeito condro-protetor, chamando água por efeito de osmose para o seu interior. Em consequência da redução do efeito osmótico dos proteoglicanos, o conteúdo hídrico da cartilagem é reduzido, assim como a sua espessura, e ocorre então a osteoartrose.
A artrose na anca é, juntamente com a artrose do joelho, das artroses mais frequentes do organismo. Atinge de 10-20% da população após os 60 anos, tendo maior incidência nos homens até aos 45 anos e nas mulheres após esta idade.
A coxartrose primária é aquela que não tem causa aparente (ideopática), para além do desgaste e degenerescência da articulação. A coxartrose pode, no entanto, ter outras causas e denomina-se então coxartrose secundária.
As causas mais frequentes são as seguintes:
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Traumática (fraturas e luxações);
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Conflito femuro-acetabular e displasia da anca;
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Necrose avascular da cabeça femoral;
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Sequelas de luxação congénita da anca e doença de Perthes na infância;
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Doenças reumatológicas e infeciosas.
A coxartrose ou artrose da anca origina os seguintes sintomas:
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Dor na anca, com carácter mecânico, isto é, que agrava com os movimentos, por vezes com irradiação para a virilha, coxa ou joelho;
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Crepitação, rigidez articular e limitação da amplitude de movimentos;
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Claudicação durante a marcha, o que obriga por vezes ao apoio de canadianas;
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Atrofia muscular por desuso;
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Redução progressiva do perímetro de marcha sem dor.
Na coxartrose bilateral, os sintomas condicionam impotência funcional mais marcada, podendo mesmo interferir com a higiene pessoal e com as atividades da vida diária.
Uma das formas de controle de sintomatologia da artrose na anca pode ser o recurso a Fisioterapia adequada.
Bursite trocantérica
Uma bursite resulta de uma inflamação das bolsas sinoviais (ou bursas). Uma bolsa sinovial (ou bursa) é um pequeno saco cheio de um fluído (líquido) gelatinoso. As bursas estão situadas entre o osso e os tendões / músculos e permitem reduzir os atritos. Ou seja, funcionam como “amortecedores” para reduzir os impactos, isto é, como uma espécie de “almofada” para reduzir as fricções. Para além da anca, podemos encontrar bolsas sinoviais um pouco por todo o corpo (ombros, joelhos, calcanhar, etc.).
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A bursite trocantérica (ou trocanterite) é a inflamação da bursa trocantérica que se localiza na região trocantérica (entre o trocânter maior do fémur e a banda ílio-tibial e o tendão do músculo do glúteo médio).
Os sintomas caracterizam-se pela sensibilidade e dor na região lateral da coxa (“parte de lado e de fora da anca”) que, por vezes, irradia para a região inguinal (região da virilha). Veja imagens superiores para melhor perceber onde se localiza a bursa trocantérica. A dor tende a intensificar com a atividade (caminhada, subir ou descer escadas, etc.). Os doentes, por norma, sentem dificuldade em deitarem-se “de lado” sob a anca afetada, causando frequentemente dificuldades em dormir durante a noite.
Conflito femoro-acetabular
Trata-se de um conjunto de patologias que se caracterizam por um bloqueio mecânico ao normal movimento da anca, causando lesão progressiva do labrum e cartilagem articular, podendo resultar em artrose. Caracteriza-se por alterações da anatomia óssea, que favorecem traumatismos que se vão repetindo com os movimentos, até ao aparecimento das lesões. Genericamente, existem dois tipos de deformidade que podem surgir independentemente ou em conjunto: o tipo CAM e o tipo PINCER.
A lesão labral pode ocorrer sem existência de alterações da anatomia óssea. Nesses casos, o seu aparecimento está frequentemente associado à prática de desporto (futebol, andebol, basquetebol, ballet, golf, atletismo, etc.), devido a movimentos de maior amplitude articular.
Quais são as queixas do doente?
As queixas variam com a evolução da doença. Inicialmente a dor pode ser bastante localizada e surgir com um movimento específico (por exemplo: uma dor na virilha sempre que se flecte a anca em determinada rotação). É muito frequente a dor em “C”, que se caracteriza por uma dor localizada entre a nádega e a virilha.
O tratamento conservador deve ser sempre a primeira abordagem. Consiste em fisioterapia, analgésicos anti-inflamatórios e redução da actividade que causa os sintomas. A cirurgia é reservada para os casos de insucesso no tratamento conservador bem conduzido
Artroplastia da anca (ATA)
A ATA é uma operação realizada com uma incisão de 10-12 cms, e através da qual se faz a resseção da cabeça femoral e da cartilagem do acetábulo para permitir a sua substituição por um implante (prótese) em metal.
As próteses da anca podem ser fixas ao osso através da aplicação de um cimento especial (próteses cimentadas), que adere e endurece ao fim de alguns minutos, permitindo aos doentes fazer carga imediatamente após a cirurgia. É o ideal para doentes mais idosos, com osso mais osteoporótico, ou que apresentem pior stock ósseo por uma patologia reumatismal. As próteses não cimentadas são aplicadas sobre pressão (press-fit). São produzidas com uma superfície rugosa e porosa, habitualmente revestida de hidroxiapatite, para possibilitar um processo de incorporação por crescimento ósseo para o interior dos seus poros, permitindo uma fixação muito firme e duradoura.
A ATA é uma cirurgia que tem sofrido uma grande evolução. É possível a sua aplicação por técnicas mini-invasivas, que proporcionam ao doente melhores e mais fáceis recuperações.
A recuperação após a realização de uma ATA, é cada vez mais rápida e simples para o doente, pois as cirurgias são menos invasivas, o controle da dor mais efetivo e os protocolos de reabilitação mais acelerados.
Objectivos de um programa de reabilitação/Fisioterapia:
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Melhoria da mobilidade e movimento articular
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Alívio da dor e inflamação
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Recondicionamento físico geral
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Ensino e aconselhamento de produtos de apoio (ortóteses, talas, etc)
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Retorno às actividades laborais, vida quotidiana e actividades desportivas
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